Mosteiro de Santa Maria de Seiça
Num dia de viagem, bastante atribulada e com o tempo a jogar contra nós, lá fomos em direção às ruínas do Mosteiro de Santa Maria de Seiça. Digo ruínas porque o edifício encontra-se em completa degradação.
Embora se desconheça a data da fundação, sabemos que a mais antiga referência documental que se conhece deste mosteiro, remete ao ano de 1162.
D. Afonso Henriques, 13 anos depois, em 1175, emite uma carta de doação do couto de Barra a D. Pelágio, abade de Santa Maria de Seiça.
Na mesma época, a Ordem de Cister crescia em Portugal, espalhando as casas conventuais pelo território reconquistado.
No reinado de D. Sancho I, o estabelecimento de comunidades cistercienses diminuiu, registando-se apenas duas filiações de mosteiros em Alcobaça. Santa Maria de Maceira Dão em 1188, Santa Maria de Seiça, doado à Abadia de Santa Maria de Alcobaça em 1195.
A partir dessa data, Seiça passou para a Ordem de Cister, passando a albergar uma comunidade de monges brancos.
Embora protegido pela Coroa ao longo da Idade Média devido aos desentendimentos constantes com a casa-mãe de Alcobaça, em 1555 o Mosteiro de Seiça foi suprimido por D. João III e os seus bens foram destinados à Ordem de Cristo, para edificação de um novo mosteiro em Carnide, Lisboa.
Foi, D. Sebastião que em 1560 restituiria o mosteiro novamente à alçada da grande abadia cisterciense, através da Bula de Pio IV "Hodie a nobis emanarunt littere" que anulou a extinção do Mosteiro de Santa Maria de Seiça.
Alguns anos depois, em 1567 foi criada a Congregação de Santa Maria de Alcobaça, a qual, numa demonstração de vigor, de capacidade financeira, organizativa e de autonomia, procede à reconstrução e reformulação dos seus mosteiros.
Em Santa Maria de Seiça, procedeu-se à construção de um mosteiro inteiramente novo cujas obras dos novos lugares regulares, tiveram início em 11 de Julho de 1572.
Devido à sua proximidade do Colégio de Santa Cruz de Coimbra, o Mosteiro passou a funcionar como centro de estudos filosóficos da ordem.
Desde então, ao longo de mais de século e meio, o Mosteiro de Seiça, foi sofrendo às mãos dos Homens que nele apenas viam valor económico.
Em 1861, foi abandonado sem qualquer utilização.
Mais tarde, o Mosteiro foi vendido a particulares, e lá por volta de 1911 foi vendido novamente. Os novos proprietários transformaram a Igreja numa unidade industrial de descasque de arroz, a qual terá terminado a sua laboração por volta de 1976.
Em 2002, a propriedade foi classificada como Imóvel de Interesse Público e em 2004 foi comprado pela Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Devoluto desde o encerramento da unidade fabril e deitado ao abandono, o Mosteiro de Santa Maria de Seiça, encontra-se atualmente num estado de ruína total, sujeito a desmoronar a qualquer momento.
Por: Hugo Santos
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