Pavilhão Cirúrgico
A tinta estalada, os tetos caídos, os vidros partidos, os portões encerrados e as portas escancaradas para trás, são completos sinais do abandono deste edifício.
Criado em 1921, o Caramulo foi uma Vila pioneira em Portugal relativamente à rede de esgotos com ETAR, ao saneamento, ao sistema de recolha de lixo com forno crematório e ainda à eletricidade a partir de uma barragem própria. Claro que, por detrás de tudo isto estava um Homem visionário, Jerónimo de Lacerda, o médico que descobriu no início do século XX as virtudes do clima de Paredes do Guardão, antigo nome dado à Vila do Caramulo.
Em 1922, Jerónimo de Lacerda decidiu construir e abrir o Grande Hotel, estava ele longe de imaginar que estaria a fazer história em Portugal. A uma altura de 800m, o médico visionário abriu portas daquele edifício e 6 anos mais tarde estava a receber doentes com tuberculose, originando assim o nome Grande Sanatório ou Sanatório Grande Hotel.
Com a evolução da doença, e devido aos excelentes ares que teria aquela região, foram construídos novos sanatórios, casas de repouso e outras unidades de saúde que foram imprescindíveis para o combate da Tuberculose.
O Caramulo chegou a ter 19 edifícios de tratamentos chegando mesmo a ser considerada a maior e mais importante estância da Europa.
Nesta região chegaram a viver mais de 2500 pessoas sob dolorosos tratamentos que envolviam perfurações nos pulmões com agulhas grossas, mas o silêncio era obrigatório. A cura, como era conhecida pelos doentes, consistia em permanecerem todos alinhados, deitados numa espécie de espreguiçadeira colocados nas varandas dos sanatórios, para que os doentes pudessem apanhar sol e respirar os bons ares da serra.
Os pacientes teriam que permanecer imóveis, em silêncio e sem permissão para qualquer atividade por mais simples que fosse. A falta de informação e conhecimento sobre a doença e sobre os tratamentos adequados fazia com que estas "torturas" fossem necessárias para a recuperação dos doentes.
Algum tempo depois, começaram a surgir os primeiros fármacos contra a enfermidade e estas unidades começaram a ser obsoletas assim como os seus métodos.
Pavilhão Cirúrgico
O Pavilhão Cirúrgico, surgiu no ano de 1945 para substituir as funções cirúrgicas do Grande Sanatório.
As intervenções cirúrgicas eram comuns para o tratamento da doença, o que acabou por conduzir à existência de uma grande atividade cirúrgica na Vila. Estas cirurgias (Colapsoterapia e Tomografia) eram muito temidas pelos doentes, devido à elevada taxa de mortalidade e às deformações toráxicas que poderiam provocar. Muitas vezes esta notícia era mal recebida pelos doentes, o que originava vários episódios de violência.
Devido às elevadas taxas de mortalidade, vários especialistas internacionais na área da pneumologia e tisiologia visitaram os sanatórios e existiram várias substituições da equipa médica - cirúrgica.
Este pavilhão de cirurgia, estava classificado como o pavilhão de primeira classe, pois nele concentrava toda a tecnologia de ponta que existia para o tratamento da Tuberculose. Este local teve ainda uma das primeiras lavandarias automatizada que permitia uma melhor desinfeção das roupas da cama.
Apesar de já estar bastante degradado, ainda existem algumas máquinas utilizadas para o tratamento e diagnostico da doença.
Este edifício imponente ainda mantém a memória de quem por lá passou e tanto sofreu.
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